terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

CRÍTICA DE ARIANO SUASSUNA SOBRE O FORRÓ ATUAL



'Tem rapariga aí? Se tem, levante a mão!'. A maioria, as moças, levanta a mão. Diante de uma platéia de milhares de pessoas, quase todas muito jovens, pelo menos um terço de adolescentes, o vocalista da banda que se diz de forró utiliza uma de suas palavras prediletas (dele só não, de todas bandas do gênero). As outras são 'gaia', 'cabaré', e bebida em geral, com ênfase na cachaça. Esta cena aconteceu no ano passado, numa das cidades de destaque do agreste (mas se repete em qualquer uma onde estas bandas se apresentam). Nos anos 70, e provavelmente ainda nos anos 80, o vocalista teria dificuldades em deixar a cidade.Pra uma matéria que escrevi no São João passado baixei algumas músicas bem representativas destas bandas. Não vou nem citar letras, porque este jornal é visto por leitores virtuais de família. Mas me arrisco a dizer alguns títulos, vamos lá:
Calcinha no chão (Caviar com Rapadura),Zé Priquito (Duquinha), Fiel à putaria (Felipão Forró Moral), Chefe do puteiro (Aviões do forró), Mulher roleira (Saia Rodada), Mulher roleira a resposta (Forró Real), Chico Rola (Bonde do Forró), Banho de língua (Solteirões do Forró), Vou dá-lhe de cano de ferro (Forró Chacal), Dinheiro na mão, calcinha no chão (Saia Rodada), Sou viciado em putaria (Ferro na Boneca), Abre as pernas e dê uma sentadinha (Gaviões do forró), Tapa na cara, puxão no cabelo (Swing do forró). Esta é uma pequeníssima lista do repertório das bandas.Porém o culpado desta 'desculhambação' não é culpa exatamente das bandas, ou dos empresários que as financiam, já que na grande parte delas, cantores, músicos e bailarinos são meros empregados do cara que investe no grupo. O buraco é mais embaixo. E aí faço um paralelo com o turbo folk, um subgênero musical que surgiu na antiga Iugoslávia, quando o país estava esfacelando-se. Dilacerado por guerras étnicas, em pleno governo do tresloucado Slobodan Milosevic surgiu o turbo folk, mistura de pop, com música regional sérvia e oriental. As estrelas da turbo folk vestiam-se como se vestem as vocalistas das bandas de 'forró', parafraseando Luiz Gonzaga, as blusas terminavam muito cedo, as saias e shortes começavam muito tarde. Numa entrevista ao jornal inglês The Guardian, o diretor do Centro de Estudos alternativos de Belgrado, Milan Nikolic, afirmou, em 2003, que o regime Milosevic incentivou uma música que destruiu o bom-gosto e relevou o primitivismo estético. Pior, o glamour, a facilidade estética, pegou em cheio uma juventude que perdeu a crença nos políticos, nos valores morais de uma sociedade dominada pela máfia, que, por sua vez, dominava o governo.Aqui o que se autodenomina 'forró estilizado' continua de vento em popa. Tomou o lugar do forró autêntico nos principais arraiais juninos do Nordeste. Sem falso moralismo, nem elitismo, um fenômeno lamentável, e merecedor de maior atenção. Quando um vocalista de uma banda de música popular, em plena praça pública, de uma grande cidade, com presença de autoridades competentes (e suas respectivas patroas) pergunta se tem 'rapariga na platéia', alguma coisa está fora de ordem. Quando canta uma canção (canção?!!!) que tem como tema uma transa de uma moça com dois rapazes (ao mesmo tempo), e o refrão é: 'É vou dá-lhe de cano de ferro/e toma cano de ferro!', alguma coisa está muito doente. Sem esquecer que uma juventude cuja cabeça é feita por tal tipo de música é a que vai tomar as rédeas do poder daqui a alguns poucos anos.Ariano SuassunaObservação:O secretário de cultura Ariano Suassuna foi bastante criticado, numa aula-espetáculo, no ano passado, por ter malhado uma música da Banda Calypso, que ele achava (deve continuar achando, claro) de mau gosto. Vai daí que mostraram a ele algumas letras das bandas de 'forró', e Ariano exclamou: 'Eita que é pior do que eu pensava'. Do que ele, e muito mais gente jamais imaginou.Realmente, alguma coisa está muito errada com esse nosso país, quando se levanta a mão pra se vangloriar que é rapariga, cachaceiro, que gosta de puteiro, ou quando uma mulher canta 'sou sua cachorrinha'. Aonde vamos parar? Como podemos querer pessoas sérias, competentes? E não pensem que uma coisa não tem a ver com a outra não, pq tem e muito! E como as mulheres querem respeito como havia antigamente? Se hoje elas pedem 'ferro', 'quero logo 3', 'lapada na rachada'? Os homens vão e atendem. Vamos passar essa mensagem adiante, as pessoas não podem continuar gritando e vibrando por serem putas e raparigueiros não. Reflitam bem sobre isso, eu sei que gosto é gosto... Mas, pensem direitinho se querem continuar gostando desse tipo de 'forró' ou qualquer outro tipo de ruído, ou se querem ser alguém de respeito na vida!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

AS ORIGENS DE TANQUINHO



As origens de Tanquinho se perderam nas noites dos tempos.
Segundo os mais antigos, começou por um pouso de tropas que varavam os sertões em busca de riquezas ou fazendo trocas de mercadorias.
Quase, todas as cidades do Brasil tiveram seu começo desta maneira.
Segundo a história o primeiro pouso teve ao “Tanque do Gonzaga”, estrada de boiada e tropas.
Os mesmos tropeiros conduzindo seus gêneros e comercializando, descobriram no sopé da serra outro manancial de água doce e cristalina, abandonando o Gonzaga, por se achar distante o deixaram.
Diziam os mais antigos, que naquela época os caititus vinham ali se banhar. Tanto que quando se encontravam na estrada, os que já conheciam o manancial marcavam ponto para descanso da bóia e dormiam junto ao filete de água, para conversas tratar de negócios.
Diziam: Vamos nos reunir lá no pé da será junto ao “tanquinho”. Daí o nome Tanquinho.O tempo foi passando e aquele lugarejo começou surgindo a primeira casa de taipa coberta de palha, finalmente de adobes cobertas de telhas, formando um aglomerado humano, com um pequeno comércio de gêneros.

Cultura


A cultura é, antes de tudo, um patrimônio coletivo, comum a todos os cidadãos. Por isso mesmo, deve ser de responsabilidade de todos, através de suas organizações e representações.
Isso define a necessidade básica de proteção e valorização dos bens culturais e sociais, nos mais diferentes campos de expressão e de representação.
Para que se defina e desenvolva, consequentemente, uma política de cultura e da ação cultural, é necessária uma apreensão mais global das realidades existentes, dentro dos diversos contextos.
Significa, primordialmente, um conhecimento preliminar da realidade, não só identificando valores culturais representativos a serem preservados, como observando atentamente as inovações que resultam da dinâmica de uma nova realidade.
Além do autoconhecimento, é preciso reconhecer a diversidade como afirmação da identidade cultural.
Esse conhecimento certamente vai se transformar em investimento na produção cultural.
O conhecimento serve como base para sua política cultural e social, mas atende principalmente a sociedade, para que ela mesma possa desenvolver os seus processos produtivos.
Assim, vamos superar o paternalismo e criar a nova mentalidade que vai viabilizar o produto social-cultural, afastando para bem longe as ameaças do esquecimento, do desprezo e da destruição da cultura e da arte Tanquinhense.